quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Auto-ajuda

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

Terapia - Parte 5


Escolhas


Medicalização da vida - Parte 7

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

Fobias


Loucura


Terapia - Parte 4


Medicalização da vida - Parte 6

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

Terapia - Parte 3

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

"Doenças" modernas

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Psicologia 30 horas. Saúde já!


A luta pela jornada de 30 horas continua! Clique na imagem acima para enviar uma mensagem a todos os deputados apoiando a aprovação do PL 3338/2008. Participe! Saiba mais aqui.

Estamos cada vez mais loucos?


Capa estúpida da revista “Como funciona” de Novembro. O simbolismo da imagem (um sujeito perturbado e raivoso) mais atrapalha que ajuda na discussão do tema proposto, relacionando, mais uma vez (como no filme Psicose), transtornos mentais e comportamentos agressivos. Além disso, a manchete parece ignorar um paradoxo: estamos ficando cada vez mais loucos ou as categorias diagnósticas tem se ampliado de forma a considerar cada vez mais comportamentos anormais? Além disso, seremos simplesmente vítimas dos transtornos mentais, tal como somos vítimas de um assaltante ou de um vírus que invade nosso corpo?

Wild mind

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

Manchetes imbecis - O Psicólogo e o Urso


Solidão - Parte 3

Psicanálise

Traduzido e adaptado por mim mesmo.

Solidão - Parte 2

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Resenha: "A arte e a ciência de memorizar tudo"


O título original deste interessante livro, publicado este ano nos Estados Unidos e recém-lançado no Brasil pela editora Nova Fronteira, é "Moonwalking with Einstein: The Art and Science of Remembering Everything". Os editores brasileiros optaram por transformar o subtítulo em título, ignorando o bizarro título original, que poderíamos traduzir por "Dançando Moonwalk com Einstein". O escritor é o jornalista Joshua Foer, colaborador de importantes jornais e revistas americanos, e este é seu primeiro e elogiadíssimo livro. O jornal The New York Times chegou a comparar Foer a ninguém menos que Oliver Sacks!  Pelo título em português, parece livro de auto-ajuda, mas não é. Trata-se de um ensaio autobiográfico muito bem-escrito, instrutivo e divertido. O autor mescla de forma perspicaz literatura, jornalismo e divulgação científica, o que tem gerado comparações - um pouco exageradas - com o jornalismo literário de Gay Talese. E fiquem atentos: o estúdio Columbia Pictures comprou os direitos de adaptação deste livro para o cinema. Em breve veremos, então, a história de Foer na telona.


Bem, sua história começa em 2005 com a cobertura realizada por ele do Campeonato de Memória dos Estados Unidos, competição que consiste na memorização de poemas, palavras, números, nomes e cartas. Impressionado com as habilidades dos "atletas mentais", Foer decide aprimorar sua memória e competir descompromissadamente no próximo campeonato. Aproxima-se, então, de alguns competidores e de seus "mestres" aprende suas técnicas, treina arduamente por um ano e, para sua surpresa, derrota todos os adversários, sagrando-se campeão americano de memória de 2006.


Se consistisse somente no relato desta jornada do tipo "Karate Kid cerebral", segundo feliz expressão da jornalista Milly Lacombe, talvez o livro não fosse nada de mais. De fato os americanos adoram competir e, na minha opinião, campeonatos como esse são ridículos. Mas o mais interessante do livro é que o relato de sua jornada é entrecortado por explicações sobre o funcionamento da memória, entrevistas com pessoas com memórias excepcionais (como o Rain Man) e com amnésias severas, discussões históricas sobre o tema, além de algumas técnicas para melhorar a memória.


Segundo Foer, sua memória era, na melhor das hipóteses, média. Frequentemente esquecia onde havia deixado a chave do carro, o aniversário da sua namorada, os números de telefone de seus amigos e parentes, dentre outras coisas. Imaginava que, em um campeonato de memória, competiriam somente sujeitos excepcionais, geniais, incomuns. Mas o que encontrou foram pessoas comuns que aprimoraram suas memórias a partir de muito treinamento. Como afirma Ed Cooker, mentor de Foer, "mesmo memórias médias são extraordinariamente poderosas quando usadas da maneira certa".


E foi com essa filosofia em mente que Foer iniciou uma rotina de intensos treinamentos, utilizando-se de diversas técnicas, descritas no livro. Uma das principais, denomina-se "palácio da memória" (ou "técnica dos lugares"), supostamente criada pelo grego Simônides no século VI antes de Cristo. Esta técnica consiste na conversão de coisas difíceis de guardar (por exemplo, uma lista de compras ou uma série de números), em imagens mentais inusitadas "espalhadas" por um local que lhe seja familiar (sua casa, por exemplo). A idéia geral desta e de outras técnicas é, segundo Ed Cooke, "transformar qualquer coisa aborrecida instalada em nossas memórias em algo vívido, excitante e diferente de tudo que já foi visto [como a imagem de Einstein dançando Moonwalk], de modo que você não conseguirá esquecer". São vários os princípios subjacentes a estas técnicas, mas destaco dois: 1) Não lembramos fatos isolados, mas coisas dentro de contextos (daí a proposta de conectar um item desconhecido a um local conhecido) e 2) Lembramos melhor de imagens do que de outros tipos de informação, como palavras e números. Eu testei a técnica do palácio da memória com uma lista de compras e funcionou comigo. Até hoje, passados mais de dois meses, não a esqueci. É só eu fechar os olhos, passear pelo meu apartamento, que os itens da lista começam a aparecer.


Uma discussão interessante trazida por Foer, no capítulo "O fim do lembrar", refere-se à história da memorização. Aponta ele que a arte da memória já foi muito importante historicamente. Antes da invenção da imprensa, por exemplo, as poucas pessoas que tinham acesso a livros - que eram manuscritos, como mostra o filme O nome da rosa - muitas vezes não tinham como consultá-los mais de uma vez. Era necessário memorizar seu conteúdo. A transmissão oral de conhecimentos era, pela inexistência de outros meios, muito forte. Atualmente possuímos diversos mecanismos externos de armazenamento de informações (cadernos, livros, celulares, computadores e a própria internet), o que tem tornado, cada vez mais, os mecanismos internos de memorização irrelevantes. Não precisamos mais memorizar o telefone de ninguém, temos o celular para isso; nem saber a data de aniversário dos nossos amigos, pois o Facebook sabe; nem guardar qualquer informação específica aprendida em sala de aula, afinal é só pesquisar no Google que eu encontro esta informação em questão de segundos. Afirma Foer que "o campeonato de memória nos parece tão inacreditável porque estamos acostu­mados a não lembrar. Dependemos tanto da tecnologia que não confiamos em nossa memória".


No final do livro, Foer relata um episódio irônico: após ganhar o prêmio, saiu para jantar com uns amigos e voltou de metrô para casa. Chegando lá, lembrou-se de que tinha ido jantar de carro. Ou seja, o cara ganhou o campeonato nacional de memória, mas esqueceu-se de uma informação simples. Sua memória então continuava a mesma memória média de antes? Afirma ele: "apesar de todas as proezas que eu agora podia realizar, ainda me atolava na mesma velha memória duvidosa que trocava carros e chaves de carros. Embora eu tivesse expandido de forma considerável a capacidade de memorização de informações estruturadas que podem ser alojadas em palácios da memória, a maioria das coisas que eu gostaria de lembrar na vida cotidiana não eram fatos, números, poemas, cartas de baralho ou dígitos binários". Mas de que valeu então todo o esforço? Em uma entrevista à revista Época ele afirma ter se dado conta do imenso valor da atenção: "Cada vez mais temos nossa atenção dispersada de diferentes maneiras e não paramos para pensar nos custos disso. Acredito que um deles seja lembrar menos. A arte da memória é a arte de prestar atenção. Se dividimos nossa atenção, somos menos capazes de lembrar".

Você é Normal?


Há cerca de duas semanas, a reportagem de capa da revista Veja foi sobre a questão da (a)normalidade. Tema pertinente numa revista impertinente. Li a reportagem somente este semana na internet, pois me recuso a comprar esta revista. A reportagem - intitulada "Você é normal?" - tem uma série de erros (históricos e conceituais), mas, de uma forma geral, é interessante. A idéia central foi questionar o conceito de normalidade a partir da disseminação das tecnologias de neuroimagem. O jornalista André Petry conversou com importantes pesquisadores, como o psiquiatra Peter Kramer (autor do polêmico livro "Ouvindo o Prozac"), segundo o qual caminhamos para uma "anormalidade universal", além da médica Márcia Angell, autora do sensacional livro "A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos". Segundo Angell, com a multiplicação das categorias diagnósticas, "parece que vai ficar ainda mais difícil ser normal". Uma falha grave da reportagem, na minha opinião, foi nem sequer mencionar o papel das indústrias farmacêuticas no processo de medicalização. Nem ao menos o título do principal livro da Márcia Angell foi citado. Muito estranho isto, pois vários livros foram mencionados! O repórter parece colocar toda a responsabilidade nos psiquiatras e nos pesquisadores. Trata-se de uma omissão esperada numa revista comercial, que não pode se indispor com eventuais (ou atuais?) parceiros.